Por Marco Stefanini
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Ao completar 30 anos da empresa que desenhei em meados dos anos 80, me deparei com o fato de que, embora essa jornada até aqui tenha sido gratificante, o cenário futuro é ainda mais inspirador. Recentemente, o The Boston Consulting Group (BCG) divulgou o relatório “Why Multilatinas Hold the Key to America’s Economic Future” (em português, Por que as Multilatinas são a chave para o futuro econômico das Américas) sobre a importância das empresas multinacionais latino-americanas para o futuro econômico do continente.
Foram listadas 100 empresas mais relevantes em termos de crescimento e retorno financeiro na América Latina. A Stefanini figura entre este seleto grupo como a única empresa de tecnologia brasileira. O estudo sinaliza que é possível navegar na turbulência, identificar novas oportunidades de negócios e se transformar. É justamente isto que estamos fazendo – nos transformando para ajudar nossos clientes nos desafios da sua transformação digital.
Neste movimento de transformação, definimos, no inicio deste ano, um novo propósito para nossa empresa. Em um exercício que conectou mais de 450 líderes em diversos países que atuamos, fizemos uma dinâmica de cocriação que trouxe à tona a essência do que nos propomos realizar juntos com nossos clientes e a sociedade em geral: cocriar soluções para um futuro melhor.
Entendemos que para atender e colaborar com as mudanças da sociedade, precisamos de empresas que se posicionem como inovadoras, desenvolvendo soluções que contribuam para mudanças de impacto social, valorizando tanto as pessoas quanto as novas tecnologias. E por mais que as tecnologias sejam importantes para a evolução da sociedade, a transformação digital de fato é uma transformação cultural, que começa na mente do executivo e se estende por todas as pessoas da organização.
Como diz Felipe Monteiro, professor do Insead – Institut Européen d´Administration des Affaires, uma das principais escolas de negócios do mundo –, o primeiro desafio vem antes mesmo de a mudança começar a acontecer, já que a liderança precisa ter muita coragem para encarar essa jornada inevitável.
É praticamente um mergulho no desconhecido porque não dá para prever todos os passos que vêm a seguir. “O CEO precisa estar confortável com uma questão complexa: ele não sabe exatamente onde vai chegar, mas sabe que precisa começar a se mexer. Não dá para esperar, ter 100% de certeza de que tudo vai dar certo”, explica o professor.
Provavelmente, a maioria das 100 empresas mencionadas no relatório do BCG deu este mergulho no mindset de crescimento para conquistar um espaço de destaque, associado ao fôlego para fusões e aquisições. Também mostraram capacidade de se conectar com os consumidores, gerenciar cadeias de valor apesar de ambientes regulatórios e fiscais difíceis, inovar e cultivar talentos.
De acordo com o estudo, outro fator responsável pelo sucesso das multilatinas é sua força na construção de um relacionamento de confiança e colaboração com os clientes. As estratégias customer-centric permitem ao consumidor se engajar, desde o desenvolvimento de produtos até a repercusão de suas opiniões no mundo digital.
Traduzo essa visão no conceito de cocriar. Esse termo ganhou força em 2004 no livro “O futuro da Competição”, escrito por C. K. Prahalad e Venkat Ramaswamy, e se trata de uma visão maior do que o customer-centric. A cocriação é o exercício de somar forças, empresas e clientes, para juntos inovarem com uma experiência que envolve, de fato, o consumidor. Em um mundo mais colaborativo, a tecnologia é uma aliada aos desafios dos negócios e, somente em um exercício cocriação, conseguimos utilizá-la para atinguir resultados maiores.
Todos esses pontos mostram o compromisso que as empresas têm na construção deste futuro inspirador. O crescimento na utilização de novas tecnologias, tais como Inteligência Artificial, Analytics, Blockchain e impressão 3D, revela um mundo mais amplo, onde as pessoas podem criar mais, explorar mais e realizar mais. É um mundo de abundância, onde cada vez mais as conexões e integrações permitirão inovar. Por isso, acho pertinente difundir nosso propósito, em consonância com os anseios do mundo moderno.
Queremos, a partir de agora, que mais pessoas se juntem a nós para cocriar soluções para um futuro melhor. O futuro inovador que queremos só pode ser desenvolvido se caminharmos juntos, se transformando para poder transformar.
(*) Marco Stefanini é fundador e CEO Global da Stefanini
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