Por Fabiana Batistela, Diretora de Estratégia e Inovação da Resource
O conhecimento nunca esteve tão em alta como agora. Estamos vivenciando um momento que podemos chamar de “Era da Sabedoria” e, por essa razão, é preciso saber acompanhar as evoluções por meio de fontes confiáveis, observar as movimentações com censo crítico e extrair o joio do trigo.
Aprendi desde cedo que nem tudo é o que parece e, portanto, temos de ser autores da nossa própria história, desenhada hoje em regime de colaboração com os sábios em cada assunto. Lembro quando cheguei ao Vale do Silício, aqui nos Estados Unidos, e bitcoin era um assunto bastante comentado, mas eu não fazia ideia do que era e muito menos no que poderia se transformar em tão pouco tempo. Não me senti tão perdida, pois nem mesmo na série The Jetsons, criada pelos visionários William Hanna e Joseph Barbera na década de 60, havia moeda digital. Em um dos episódios, quem diria, George Jetson saca a sua carteira (tradicional) para fazer um pagamento com cédulas normais.
Hoje, as moedas digitais, inimagináveis mesmo em Orbit City, já são uma realidade. Existem várias em “circulação” no mundo. Entre elas, monero, dash, z-cash, steem, litecoin e ethereum, mas bitcoin é a mais valorizada e popular. Essas moedas usam como plataforma o blockchain e suas altas geram cada vez mais alvoroço no mercado financeiro. Em maio deste ano, por exemplo, o bitcoin deu um salto recorde e atingiu a marca de US$ 2,4 mil. Em 2016, a moeda valorizou mais de 90% em média nas corretoras.
O site Infomoney divulga que esse mercado de moedas virtuais, tendo como protagonistas o bitcoin e o ethereum, movimentou mais de US$ 100 bilhões de janeiro a junho de 2017. O preço do bitcoin acumula valorização de 165% nesse mesmo período. Não é à toa que está sendo chamado de “ouro digital”.
O aumento impressionante do valor dessas moedas tem estimulado várias empresas, lojas e outras categorias de negócios a aceitá-las como meio de pagamento. O Japão e a Rússia já estão cuidando da normatização das criptomoedas. Vale lembrar que elas não são ilegais, mas ainda estão em evolução e em vias de regulamentação em diferentes países.
Dessa forma, não estranhei ao ler no final do mês passado a seguinte chamada: “adolescente fica milionário aos 18 anos usando bitcoins após fazer aposta com os pais”. Imagine que o norte-americano Erik Finman, quando tinha 12 anos, apostou com seus pais que, se ficasse milionário aos 18, não iria ingressar em nenhuma faculdade. E ele ganhou! A avó deu de presente US$ 1 mil no 12º aniversário do menino e então ele comprou 83 bitcoins. Hoje, Erik, aos 18 anos, tem 403 bitcoins, totalizando em seu cofrinho, no atual preço, nada menos do que mais de US$ 1 milhão. Agora, ele também tem investido em outras moedas virtuais como o litecoin e o ethereum. George Jetson perdeu essa.
Bitcoin no Brasil
Uma grande construtora brasileira, em 2014, arrebatou o título de primeira nesse setor no mundo a aceitar compra de imóveis com bitcoin. Sabia disso? Infelizmente, desde então, nada foi vendido com moedas digitais. Talvez porque as transações da construtora envolvam valores muito altos, mas foi uma ousadia de marketing e de inovação, certamente.
A Receita Federal também reafirmou sua evolução tecnológica. Incluiu nas instruções para declaração anual a moeda digital neste ano. O manual de perguntas e respostas do órgão subordinado ao Ministério da Fazenda traz dois tópicos específicos para a declaração de criptomoedas.
No entanto, o mercado ainda olha com certo ceticismo para as moedas virtuais porque elas não são emitidas por uma entidade controladora como o Banco Central, por exemplo, e operam de maneira descentralizada. Nesse sentido, a regulamentação também pode ser vantajosa para resolver a preocupação com esse tipo de aplicação.
Sabemos que esse mercado ainda terá de evoluir, inclusive em termos de segurança. Mas o fato é que não há como parar esse trem em movimento. É importante estarmos atentos para o tema, pois ele pode repaginar a sua maneira de fazer negócio a qualquer momento.
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