Por Stela Lachtermacher*
Como fazer? Com esta pergunta a CIONET Brazil reuniu cerca de 80 dirigentes de TI em evento nesta quarta-feira, em São Paulo, para ouvir as experiências de quem já está passando por este processo. O Keynote do evento, Cezar Taurion, Head of Digital Transformation da Kick Ventures e VP de Inovação Instituto Smart City Business America, provocou a plateia dizendo que ficar só na evolução incremental não é transformação digital. “Muitos olham este processo como colocar mais tecnologia, mais um sistema…”. E acrescentou: “a transformação digital é uma mudança significativa, não é só pensar fora da caixa, é não ter caixa”.
Fazendo um paralelo com a dimensão do que ocorreu com a invenção da luz elétrica, uma disrupção com relação ao que existia antes em termos de iluminação, Taurion destacou que hoje não conseguimos imaginar nada em energia elétrica e a digitalização será a consequência da transformação digital. E acrescentou que a digitalização nos leva à desmaterialização, à desmonetização e à democratização do uso da tecnologia.
O CIO do Banco Original, Wanderley Baccalá, que teve o desafio de participar da criação de uma empresa 100% digital, disse que entre as lições aprendidas estão o foco no cliente e retornar para este cliente mostrando o que mudou a partir de seu feedback, e tudo isso tendo que ser feito de forma muito rápida. Outro aprendizado mencionado por Baccalá foi que a tecnologia tem que ser parceira das áreas de negócio e citou na prática o projeto Amigo Original, fruto do trabalho conjunto da tecnologia e do marketing. O projeto recompensa com valores depositados em conta os clientes que indica amigo para serem correntistas.
“Desenvolvemos a tecnologia e abertura de conta online levando à uma nova regulação no mercado. Foi a tecnologia mudando o negócio. E destacou que o que faz a diferença são pessoas engajadas. E ainda como fruto de seu aprendizado sugeriu três pontos. O primeiro para que o CIO não atropele o processo de contratação porque trazer pessoas que têm a ver com a cultura da organização já representa 50% do processo. E mais: “mostre qual o significado de cada um no projeto do qual ele faz parte e comemore sempre cada vitória”, conclui.
Marcelo Koji, CIO do Magazine Luiza, lembrou que mundialmente muitos dos grandes varejistas que não conseguiram fazer um bom processo de transformação digital chegaram a perder 50% de seu valor. No Magazine, Koji diz que foi necessário mudar o mindset da equipe de TI que adotou a cultura digital. “A própria equipe percebeu que tinha que fazer diferente”, diz ele. A TI passou a trabalhar em células colaborativas, junto com as áreas de negócio.
Este ano as duas áreas de TI existentes, a convencional e o Luiza Labs, um laboratório voltado à inovação, se transformaram em uma só. “Hoje somos todos Luiza Labs”, explica Koji. E acrescenta que a área tem no momento 30 missões e times multidisciplinares para realizar cada uma delas. O executivo disse ainda que o papel de CIO muda muito e que o título hoje poderia ser CIDTO – Chief Information Digital Transformation Officer, mas que o importante é que todos ali presentes eram líderes de TI interessados em desempenhar seus papéis de forma cada vez melhor.
Participaram também do debate Luzia Sarno, CIO da Copersucar, que falou sobre os passos da transformação digital na empresa onde atua e Alexandre Donner, da Infoglobo, que trouxe a experiência da integração dos conteúdo nas várias mídias do grupo. O debate foi coordenado pelo CIO do Valor Econômico , Roberto Portella, presidente do Conselho Assessor da CIONET Brazil.
*Stela Lachtermacher, da CIONET
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