Por Caio Gonçalves*

Vivemos em um país que está sobrecarregado por um modelo fiscal com diversos tributos nas esferas federal, estadual e municipal. Este padrão gera um alto custo para as empresas, seja através da carga tributária, que é altíssima, ou pelo custo operacional de manter a empresa em compliance (conformidade) com todas as obrigações. Para se ter uma ideia da dimensão do volume fiscal, a publicação digital Impostômetro registrou, no ano de 2012, uma arrecadação de R$ 1,7 trilhão em impostos no Brasil.

O fluxo frenético de alterações nessas obrigações gera para as corporações um alto custo operacional e de propriedade dos softwares que gerenciam essas informações, comumente chamados de soluções fiscais. Para exemplificar isso, no ano passado, tivemos algo em torno de 1,7 mil atos legais que geraram impactos no modelo de pagamento de tributos e relatórios oficiais entregues ao Fisco.

Como consequência deste caos, surgem diversas oportunidades e desafios para os fornecedores de softwares ou serviços voltados ao atendimento dessas obrigações acessórias. A oferta de sistemas fiscais aumentou de maneira exponencial com o advento do SPED (Sistema Público de Escrituração Digital), projeto do Fisco que colocou um grande holofote sobre o assunto nos últimos anos.

O fornecedor de soluções tem o grande desafio de atuar em um mercado resistente, pois, de maneira geral, o gasto com a aquisição desses softwares ou serviços é sempre visto como custo e nunca como investimento. Diferente do que acontece, por exemplo, na aquisição de um ERP (Enterprise Resource Planning), uma ferramenta de gestão fiscal operada por uma área que empresário gostaria que não existisse.

Cabe aos desenvolvedores buscar na inovação uma forma de abordagem diferente das demais ferramentas que estão disponíveis. No futuro, para que as companhias possam se adaptar a essa demanda crescente, suas soluções não poderão limitar-se apenas a gerar as obrigações fiscais. As soluções terão que auxiliar no controle da área fiscal das corporações de ponta a ponta. Ou seja, fazer toda a gestão deste setor da empresa, facilitando a gestão dos entregáveis e a tomada de decisão.

O atendimento deverá suprir a demanda de ponta a ponta, possibilitando aos usuários o controle de prazos de entrega e pagamento de tributos, e, até mesmo, fornecer indicadores que permitam aos contabilistas realizarem um planejamento tributário com simulações em tempo real. As soluções precisam, realmente, agregar valor à operação das áreas fiscais e contábeis, trazendo agilidade e simplificando um processo extremamente complexo.

Esse modelo trará às empresas maior ganho operacional e consequente redução de custo. E quando falamos em ganho, o objetivo é potencializá-lo por meio de um leque de serviços que podem ser combinados com a solução. A exemplo, o modelo SaaS (Software as a Service), que permite às empresas a despreocupação com o custo de manter um software in-house, que passa a ser substituído por um pacote com todos os serviços de atualização, backup e operação do software.

Toda grande mudança, apesar de parecer um risco, precisa ser vista como uma oportunidade. Compete às softwares-house se adaptarem para aproveitar da melhor maneira possível essas novas possibilidades de negócio. Já às empresas usuárias deste tipo de ferramenta, cabe acertar na escolha, procurando desenvolvedoras sólidas, experientes e com bagagem para suportar toda essa evolução através de soluções que embarcam tecnologias e funcionalidades de ponta.

*Caio Gonçalves é gerente de Produto de R&D da Divisão de Aplicativos da Sonda IT, integradora que provê soluções de tecnologia de ponta a ponta.