A Motorola Mobility, empresa do Google desde o ano passado, enviou um release pela assessoria de imprensa RP1, nesta semana, sugerindo uma pauta sobre o trabalho que tem feito com entulho eletrônico no Brasil, desde 1998. A empresa alega ter recolhido 400 toneladas de equipamentos em todos estes anos e que, só em 2011, teriam sido 26 toneladas.

Este volume de entulho eletrônico teria sido fruto dos postos de coleta que a empresa tem instalados em locais onde os consumidores compram os produtos novos que serão o entulho de amanhã. “São 120 lojas do serviço autorizado Motorola”, diz o release da Motorola Mobility.

Fiz algumas questões sobre o processo da Motorola Mobility de coletar este lixo e tive a seguinte resposta:

Edson Perin – Para onde os produtos são encaminhados?
Motorola Mobility – Após a coleta, os compenentes são analisados e classificados para o processo de reciclagem e algumas substâncias (cobre, o ouro, o bronze e o ferro) são recuperadas. As baterias são encaminhadas para o México para reciclagem e reaproveitamento dos elementos de carga.

Uma discussão de alto nível para um assunto muito sério: a vida!

Ainda não sei o que se faz com as substâncias valiosas recolhidas e muito menos com as que sobraram desta triagem, como pedações de plástico, substâncias tóxicas e metais de menor valor. As substâncias valiosas devem ter um encaminhamento rentável, espera-se. Mas será que os recursos gerados são suficientes para financiar as operações?

E o que se faz com o lixo imprestável, aquele que não serve nem para recolher dinheiro suficiente para pagar a passagem de ônibus do catador de lixo?

Estas e outras discussões poderão ser conhecidas em um curso que a Vanda Scartezini irá promover no ITS. Vanda, integrante do Conselho do ITS e ex-secretária de Ciência e Tecnologia no governo FHC, é uma das responsáveis pelo “Curso de logística reversa de eletrônicos – Sistema de gestão de resíduos sólidos”, parceria entre ITS, Quanta Brasil, associações empresariais e instituições de ensino como o Centro Paula Souza.

Na entrevista que me concedeu, Vanda apresenta as principais conclusões do estudo coordenado por ela e realizado em conjunto pelo MCTI e Banco Mundial. O levantamento mostra a relevância da questão do lixo eletrônico (“e-waste”) e as oportunidades de emprego e capacitação de profissionais para lidar com a sua correta destinação, de modo sustentável, no Brasil.

Assim, o curso visa a formar multiplicadores de conhecimento sobre o reaproveitamento do lixo eletrônico. “A gente precisa contar com professores qualificados para isso, para serem multiplicadores”, diz Vanda.

Ouça a entrevista na íntegra (Duração: 12 minutos):