Por Alejandro Chocolat, Diretor Geral da Dassault Systèmes América Latina
Na Era da Experiência, a expectativa do cliente se transformou. Não é apenas uma boa ideia para uma empresa ou marca oferecer uma experiência com seu produto: é imperativo quando se quer causar um impacto real no mercado. Isso vem transformando o escopo do significado do design.
O design evoluiu para além da modelagem do produto, que antes era a expressão direta da intenção do design, definido sob as restrições físicas das tecnologias disponíveis, materiais, ergonomia e tarefas e funções bem definidas. Porém, na Era da Experiência, produtos são desmaterializados, reduzidos a “caixas-pretas”, enquanto integram o domínio de nossa vida aumentada. O escopo e o valor do design têm agora um lugar crítico.
A perspectiva do design está se modificando de conceber produtos para projetar experiências, envolvendo os consumidores finais de uma forma completamente nova. Ela vai além da estética para significados sociais genuínos, investindo em um escopo maior de ações através de um amplo espectro de novas disciplinas. Essa “transdisciplinaridade” do design impacta os modelos de negócios, cria novas ofertas, novo engajamento social e convoca novos usos da ciência para a concepção de experiências significativas e sustentáveis.
Tradicionalmente consideramos o “Design Thinking” colocando o “humano” no centro de um projeto ou proposição de valor e decifrando o que as pessoas realmente querem, mas não conseguem expressar. O “Design Thinking” foi o primeiro passo visível da transformação do design, movendo do conceito subjetivo do designer individual para um modelo de engajamento empático, alavancando uma abordagem social participativa e múltiplos pontos de vista.
As empresas utilizam o “Design Thinking” para identificar uma oportunidade de mercado e criar uma solução que ofereça valor aos clientes. Isto é um avanço para projetar um produto melhor com identidade clara, com eficiência e utilidades bem definidas. Porém, o mundo e o design têm rapidamente mudado para aspectos mais amplos e holísticos, atacando sistemas complexos e considerando todo o ecossistema tecnológico e de serviços, co-definindo com os usuários, o que cria uma experiência única e contínua.
Esse domínio mais amplo do “Experience Thinking” abrange um novo escopo para os designers, indo além das funções e aproveitando o poder emotivo da experiência do consumidor. Eles elaboram cenários futuros e constroem protótipos 3D em tempo real, utilizam tecnologias imersivas e universos virtuais, e desenvolvem modelos mestres digitais 3D com informações integradas. Designers estão adquirindo habilidades para acessar novas informações, incluindo conhecimentos reunidos de estudos, mas também uma grande variedade de dados capturados por sensores. Esses dados combinados, sociais e científicos, fornecem um novo material para a criatividade.
O conteúdo digital é o novo nexo para pensamentos, interpretação e tomada de decisões. As ferramentas certas e as plataformas para ideação, virtualização, manufaturabilidade e sustentabilidade permitem que os designers e empresas visualizem e validem os projetos experimentais em qualquer estágio do processo de desenvolvimento. Designers podem construir as ligações entre produtos e suas interações, tornando visíveis as conexões emocionais e sua utilização. Os dados e os sentidos se combinam para novas propostas equilibradas.
Para onde iremos a partir daqui dependerá de como utilizaremos o design para transformar os ecossistemas corporativos para criar projetos que cativem os usuários, acelerem a adoção da tecnologia e forneçam experiências éticas e sustentáveis. Sem dúvida, os usuários irão “co-projetar”, modificando profundamente nossas experiências de vida e mudarão para sempre a maneira como as pessoas vivem, viajam e interagem com a tecnologia no futuro.
Profissionais de design de todos os setores (como arquitetos, designers industriais e especialistas de transporte) podem hoje transformar seus processos, metodologias e aplicações para “Experience Thinking”, para imaginar, projetar e fabricar propostas inovadoras.
Colaborando nesse novo ambiente de inovação, o “Experience Thinking” pode ajudar as organizações a construírem a promessa de sua marca e as emoções que ela evoca. Então, cada experiência de cliente se destaca como uma conquista singular, como também proporciona um centro de gravidade perfeito que cria fidelidade à marca e satisfação do cliente.
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