A crescente popularização do blockchain como plataforma capaz de revolucionar diversos setores da sociedade faz com que a tecnologia chame a atenção de instituições governamentais, bancos e empresas. Há, porém, diferenças fundamentais na aplicação do sistema para cada propósito e, principalmente, no uso de blockchains públicas e privadas. De acordo com Luiz Calado, economista-chefe do Mercado Bitcoin (www.mercadobitcoin.com.br) – maior corretora de criptomoedas da América Latina – o sucesso dos projetos depende diretamente desse entendimento.
Calado lembra que o conceito do blockchain foi criado por Satoshi Nakamoto para servir exclusivamente de suporte às transações do Bitcoin, ainda que não tenha sido usado este termo no paper original. Devido a seus benefícios, como segurança, imutabilidade, transparência, validação distribuída e baixo custo comparado com as soluções atuais, novas aplicações do conceito foram desenvolvidas e a tecnologia se tornou atraente para o uso corporativo. “Por ser um sistema supostamente à prova de fraudes, o blockchain passou a ser visto como uma solução tecnológica aplicável nos mais diversos setores, mas é preciso ter cautela. Há soluções tecnológicas melhores, dependendo da necessidade da empresa, inclusive a opção de blockchains privadas”, afirma o economista-chefe do Mercado Bitcoin.
A grande diferença de um blockchain privado para o sistema criado por Nakamoto – conhecida por blockchain pública – está no fato de que a primeira é uma rede permissionada. Ou seja, para visualizar e realizar transações em um blockchain privado é preciso conseguir uma permissão da empresa ou grupo de empresas responsável pela rede, uma vez que essa rede é composta necessariamente por partes que se conhecem e já existe uma relação de confiança estabelecida entre elas.
“Gerar confiança onde as partes não precisam se conhecer e não exigir permissão para interagir com a rede são os principais pontos que diferenciam uma blockchain pública. Contudo, não é viável para uma empresa privada ter um sistema tão aberto e transparente sobre todas as suas transações, já que esse perfil de corporação necessita estabelecer controle sobre quem acessa suas informações para manter vantagem competitiva”, explica Calado, complementando: “Isso gerou o conceito de blockchain privado”.
Confira abaixo a análise do especialista sobre as principais características e diferenças entre os dois tipos de plataforma:
Blockchain pública
Uso de criptomoeda: serve como unidade de valor transacionada pela rede e também como incentivo econômico ao uso honesto da rede.
Não permissionado: qualquer pessoa realizar transações e consultar o histórico de transações da rede sem pedir autorização a ninguém.
Decentralizado: a rede não tem um dono e suas regras são definidas pelo consenso dos usuários de forma descentralizada.
Mudanças são mais lentas: blockchains públicas geralmente são compostas por centenas ou milhares de membros que não se conhecem e para que uma mudança seja realizada é preciso do consenso da grande maioria deles. Isso pode fazer a implementação de uma melhoria esperar bastante tempo.
Blockchain privada
Dispensa criptomoeda: é possível dispensar o uso do incentivo econômico através da criptomoeda, uma vez que já existe uma relação de confiança entre as partes respaldada em acordos comerciais.
Permissionado: exige permissão da empresa ou conjunto de empresas responsáveis pela rede para participar e interagir com o blockchain.
Centralizado: a rede está no controle de uma empresa ou conjunto de empresas e suas regras são definidas por eles.
Mudanças são mais rápidas: blockchains privadas geralmente são compostas por poucos membros e eles geralmente já estão bem alinhados sobre determinada mudança caso ela precise acontecer. Isso faz com que implementações de melhorias sejam realizadas mais rapidamente.
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