Por Gabriel Lobitsky, Diretor de Vendas da Infor
Quando a Adidas lançou o tênis de modelo AM4LDN (Adidas Made For London) para os maratonistas de Londres, em outubro do ano passado, a marca deu o start à jornada de agilidade e proximidade do consumidor final, disparando na frente de muitos concorrentes. O calçado foi criado em uma fábrica automatizada, de alta velocidade e robotizada, na Alemanha. O mais interessante é que recebeu a contribuíção dos seus ‘futuros usuários’, os corredores de Londres. Mesmo antes de ser anunciada ao público, a Speedfactory da Adidas começou a fazer uso de novas tecnologias para melhorar e digitalizar os negócios para trazer resultados efetivos e alinhados à expectativa do cliente final. O que a Adidas faz hoje com os tênis, a Ferrari também fez com seus carros, personalizando até os bancos dos motoristas para trazer mais conforto e segurança.
Mesmo antes de ser anunciada, a Speedfactory da Adidas já começou a vivenciar mudanças com as novas tecnologias. Tudo começou ao conectar seus fornecedores e parceiros de logística em uma rede que melhorava a visibilidade e colaboração na cadeia de suprimentos. Com essa visibilidade completa, a Adidas repensou a forma de fazer tênis. Rastrear um ítem durante todo o caminho de produção, ajudou a pavimentar a jornada de customização massiva do programa miAdidas. Hoje, os calçados customizados são feitos lado a lado com os modelos em massa, permitindo à Adidas personalizar produtos para os clientes, sem prejudicar o processo tradicional de manufatura.
O exemplo da Adidas é um caso de sucesso transformacional, entre tantos outros. E, isso é um pouco do que vem pela frente com marcas digitalizando as cadeias de suprimentos para oferecer produtos assertivos e personalizados para atender o consumidor, independente da origem da sua demanda. No entanto, esse tipo de inovação não acontece do dia para a noite, e as marcas têm aprendido – geralmente da forma mais difícil – que para que a transformação digital aconteça não basta apenas apertar o interruptor. A mudança requer visão e persistência para seguir o objetivo planejado, mesmo com as mudanças significativas que ainda acontecerão. Afinal, estamos falando de tecnologia!
Transformação digital é uma jornada, no entanto, é preciso reforçar que essa mudança não é apenas uma função do supply chain, mas um compromisso dos executivos e dos seus departamentos internos. E, acompanhando as histórias de sucesso de transformação, vemos que muitas empresas estão preparadas para embarcar na jornada digital, no entanto, nem todas são iguais. Cada uma, tem seu nível de maturidade e investimento em softwares que os ajudarão a alcançar isso, mas é preciso lembrar que cerca de 80% dos dados que as empresas que lidam com supply chain necessitam, estão fora das quatro paredes, e elas dependem de seus inúmeros fornecedores e parceiros logísticos. Por isso, a transformação digital não é restrita às mudanças interna, mas tem a ver com a possibilidade de integrar parceiros, clientes e fornecedores de forma colaborativa.
Os estágios da maturidade digital
Comunicação: jornadas transformadoras começam com a comunicação dentro de casa. O primeiro passo dessa jornada está no alinhamento de sistemas e processos internos capazes de eliminar silos nos departamentos. E, garanto que sempre há melhorias para fazer internamente.
Supply chain em rede: dizem que negócios individuais não competem, e sim seus supply chains. É verdade! O sucesso dos depende da visibilidade de todos os processos da cadeia de suprimentos, e tradicionalmente, muitas empresas ainda contam com ferramentas antigas, como EDI (Eletronic Data Interchange) para oferecer aos seus clientes/fornecedores a ‘visibilidade completa’. No entanto, alguns sistemas não conseguem oferecer a visibilidade do todo, apenas de partes do processo. Para ampliar a comunicação em todas as etapas do supply chain, parceiros e fornecedores precisam, mais do que nunca, estarem conectados em rede.
Rede preditiva: para o supply chain, a visibilidade é a porta para novas formas de colaborar, melhorar e alinhar processos, além de transformar insights em ações. Nesse estágio, as empresas conseguem entender melhor as necessidades dos clientes e também manter um alto padrão de resposta nas demandas. Analytics e business intelligence são ferramentas essenciais para essa estratégia, porque permitem extrair mais valor de sistemas de ERP (enterprise resource planning) e PLM (product lifecycle management).
O foco desses estágios é em quebrar silos e construir uma rede conectada, integrada e responsiva para o supply chain global, e esse é o segredo da maturidade digital, que tem como vantagens os avanços em analytics e machine learning, capazes de ‘sentir’ e responder as demandas dos clientes; além do uso de automação e técnicas de manufatura avançadas, para produzir os produtos certos, para os clientes e no tempo certo. A rede se torna preditiva.
Foco nos resultados: nenhum pedaço de hardware ou software pode prometer levar a empresa para a ‘transformação digital’, mas a habilidade de conectar sistemas de diferentes fornecedores. Sem dúvidas, isso quebra algumas das grandes barreiras que existem hoje: a falta de comunicação e informações precisas, em tempo real.
Com o poder computacional, rede em nuvem e avanços significativos nas tecnologias, grandes mudanças acontecerão. Mas, no momento, estamos numa fase inicial, com fábricas se tornando mais conectadas e automatizadas. No entanto, ainda é preciso focar em manter resultados e considerar que apenas os pedaços ‘conectados’ levarão as empresas para o futuro digital que todos tanto prometem.
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