Marco Stefanini (*)
O futuro do mercado de trabalho estará novamente no centro das atenções do Fórum Econômico Mundial (FEM), que acontece ao longo da semana em Davos. Segundo a instituição, o mundo perderá milhões de empregos nos próximos três anos, principalmente aqueles que estão relacionados a funções administrativas e industriais. Só no Brasil, 15,7 milhões de trabalhadores serão afetados pela automação até 2030, segunda estimativa da consultoria McKinsey. Independente das projeções, o que se constata é que o mercado passa por uma grande mudança, semelhante à revolu&cced il;ão industrial, porém de uma forma muito mais rápida e dinâmica.
De acordo com artigo do fundador do FEM, Klaus Schwab, publicado recentemente na “Foreign Affairs”, a 1ª revolução industrial utilizou água e vapor; a 2ª eletricidade e a 3ª usou os eletrônicos e a tecnologia da informação para automatizar a produção na segunda metade do século XX. O que chamamos agora de 4ª revolução industrial se caracteriza por um mix de tecnologias que elimina as barreiras entre o físico e o digital.
Numa sociedade cada vez mais conectada, a Inteligência Artificial, o aprendizado de máquina (Machine Learning), a Internet das Coisas (IoT) e os sensores nos meios de produção (Indústria 4.0) garantem mais agilidade e eficiência. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o número de robôs industriais cresce uma média de 9% ao ano, desde 2010. No Brasil, a Federação Internacional de Robótica prevê que 12 mil robôs industriais serão comercializados até 2020.
É natural que todas essas transformações tecnológicas causem um desconforto inicial, como também aconteceu nas revoluções anteriores. Muitos profissionais veem na automação um risco iminente para a empregabilidade. Com certeza, haverá mudanças significativas, que sinalizam para o fim de atividades repetitivas, que serão cada vez mais incorporadas pelas máquinas.
Por outro lado, as pessoas também terão a oportunidade de investir em outras profissões que envolvem uma capacidade analítica maior. O estudo “Futuro do Trabalho, publicado no ano passado pelo Fórum Econômico Mundial, diz que quase dois terços das crianças que ingressam no ensino primário irão trabalhar em funções que ainda não existem. A tendência é surjam novas vagas na área de internet móvel, IoT, robótica, matemática e análise de dados.
No Brasil, ainda temos um longo caminho a percorrer, embora a transformação digital seja uma necessidade crescente entre empresas que buscam se reinventar. Na era do crescimento exponencial, precisamos mostrar como a tecnologia de ponta pode ser um fator decisivo para se manter na liderança ou simplesmente desaparecer. Em dez anos, a estimativa é de que 40% das corporações atualmente relacionadas no índice Fortune 500 tenham deixado de existir.
E como o Brasil pode se preparar para este novo cenário? Não existe apenas um caminho a trilhar, mas certamente um deles passa pela educação e qualificação profissional. Como iniciativa privada, nosso dever é contribuir para a formação de pessoas que poderão utilizar a inovação como um diferencial competitivo a curto e médio prazo.
Com as novas exigências do mercado, a sobrevivência de uma empresa depende da sua capacidade de inovar e abraçar novas mudanças. Já a geração de empregos no futuro estará diretamente relacionada à criatividade, qualificação, resiliência e capacidade de trabalhar em equipe. O novo mundo do trabalho é mais colaborativo e flexível.
(*) Marco Stefanini é fundador e CEO global da Stefanini, multinacional brasileira considerada a quinta mais internacionalizada segundo Ranking da Fundação Dom Cabral (FDC).
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