Por Sebastian Grady*
Quando converso com CIOs (Chief Information Officers) de companhias líderes mundiais que possuem sistemas de gestão empresarial SAP, vejo que eles se encontram em uma verdadeira encruzilhada em relação às suas estratégias. A escolha fundamental que esses executivos precisam fazer é: seguir o caminho para o S/4HANA ou considerar outras opções?
Não é uma pergunta simples porque os desafios que esses CIOs passam atualmente não têm precedentes. Suas empresas enfrentaram problemas pelo ímpeto de “manterem-se atualizadas a qualquer custo” no passado, mas sabem que precisam investir em transformações digitais e analíticas para aperfeiçoarem a experiência de seus clientes, trabalharem de forma mais inteligente e, assim, se manterem competitivas. Ao mesmo tempo, 89% de seus orçamentos de TI são desperdiçados por operações contínuas.1
Como chegamos a essa situação? Na década de 1990 e começo da de 2000, quando a maioria dos clientes SAP iniciaram suas jornadas em ERP, os executivos aderiram ao SAP R/3, 4.6C, 4.7, ECC 5 ou à versão ECC 6. Muitas vezes, foram investidos milhões de dólares para implementarem seus sistemas. Então, assim que estivessem instalados e funcionando, eles gastariam de bom grado 17% de seus orçamentos apenas com suporte e manutenção. Por quê? Para acabar com os bugs e garantir que seus sistemas complicados, mas poderosos, continuassem funcionando.
Ao longo do caminho, a SAP criou aprimoramentos que proporcionaram valor real. Mas, com o tempo, essas melhorias voltaram à estaca zero e a qualidade de suporte decaiu. Em vez de fornecer aperfeiçoamentos úteis, a SAP desenvolveu a maioria de suas novas funcionalidades em produtos totalmente novos que os executivos precisavam comprar, como o SAP Business Suite, incluindo CRM, SRM e SCM.
Para agravar ainda mais a situação, a SAP aumentou as taxas de manutenção de 17% para 22% em 2016 para o Enterprise Support e muitos clientes se revoltaram. Durante esse período, uma grande parcela de usuários criou customizações e integrações, que não são suportadas pela SAP. Alguns CIOs dizem que a própria existência dos códigos de clientes proporciona a seus provedores de ERP uma desculpa para evitar o fornecimento de suporte. Com base em dados de casos atuais, 65% dos problemas reportados estão relacionados ao código customizado2 e não ao software comum de base.
Vale ressaltar ainda que a SAP começou a remover o suporte padrão de versões mais antigas e estáveis em uma tentativa de forçar a sua base de clientes a “se atualizar”, mesmo quando as novas versões traziam poucas inovações. Chamamos essa tática de “evolução obrigatória” – e é esse o caminho que ditam para que você esteja conectado e se mantenha com suporte.
A funcionalidade melhorada proposta do S/4HANA, que inclui uma base de dados de memória interna chamada HANA, não é comprovada e as cronologias para que ela seja totalmente funcional não são conhecidas. Dessa forma, um ROI significativo é difícil de ser obtido. Além disso, o S/4HANA não é apropriado para muitos clientes SAP ERP existentes.
A SAP não fabricou novamente todos os elementos no SAP ERP ECC 6 de que os clientes existentes precisam, o que significa que o S/4HANA é um produto incompleto e não substitui totalmente o ECC 6 como atualização. Na verdade, não consideramos o S/4HANA uma atualização porque os updates são relativamente simples. Migrar para o S/4HANA é uma reimplementação. É preciso descartar os bancos de dados Oracle, IBM ou Microsoft e usar o SAP HANA. Esse movimento exige algum planejamento com relação aos gastos com licenciamentos.
É preciso avaliar e reescrever todos os seus códigos de cliente a um custo muito alto. O investimento real da migração para o S/4HANA é imprevisível. Os CIOs da atualidade estão muito mais atentos aos excedentes de custo do que antes e seus CEOs (Chief Executive Officers) estão cansados de promessas de empresas de software que usam a palavra “oportunidade” para lançar um novo programa. Um banco de dados super-rápido e robusto é ótimo, mas só se você realmente precisar dessa funcionalidade.
Para a grande maioria dos clientes SAP ERP que está assumindo uma abordagem do tipo “esperar para ver”, acreditamos que deva considerar uma estratégia de terceiros para liberar até 90% de seus custos de manutenção anual. Não apenas porque a SAP alterou os investimentos de seus produtos atuais para o S/4HANA, mas também porque a maior parte dos problemas que os clientes enfrentam não é mais suportada e seus custos de manutenção estão se acentuando.
Com suas economias no custo de suporte de manutenção da SAP, os CIOs podem redirecionar esses recursos para iniciativas que realmente fazem a diferença. Ao adotar uma estratégia de TI híbrida – recomendada por muitos analistas, incluindo do Gartner e Forrester –, podem maximizar o valor que já criaram em seus sistemas de registro centrais e reinvestir suas consideráveis economias em sistemas de engajamento que ajudem os negócios a crescer e competir.
A partir do que estou vendo e ouvindo no mercado de SAP, mais empresas chegaram a encruzilhadas semelhantes e estão se voltando para estratégias que mantêm seus centros SAP ERP ao mesmo tempo em que incentivam investimentos específicos em aplicações realmente novas. Esse tipo de pensamento realmente muda o que um negócio pode alcançar. É o tipo de agilidade de inovação que estimula meus dias porque, pela primeira vez em muito tempo, ajuda a colocar as organizações em um caminho verdadeiramente mais inteligente.
1. Gartner IT Key Metrics Data – Executive Summary 2015, December 14, 2015
2. Rimini Street Survey
*Sebastian Grady, Presidente da Rimini Street
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