Robocop: máquina e gente ao mesmo tempo

“Os robôs estão evoluindo” ou “Um dia serei um robô”

Outro dia numa palestra de Peter Hinssen, promovida pela GS1, em São Paulo, muitas pessoas se surpreenderam com o fato de o Google ter adquirido uma empresa de produtos militares que fabrica robôs quadrúpedes, a Boston Dynamics. Os seres mecânicos desta companhia poderão servir – em breve – para levar encomendas para compradores online até os lugares mais remotos do planeta, conforme apresentou Hinseen. Mas será só isso?

“Estaria o Google se tornando uma OCP?”, perguntou-me um amigo que assistiu à palestra comigo.

A OCP, para quem não se lembra, era a megacorporação “Omni Consumer Products” da série de filmes Robocop. A OCP tinha presença em praticamente todo ramo onde se pode ganhar dinheiro, produzindo de tudo, de pequenos produtos de consumo até equipamentos militares. Entre os projetos estava o personagem principal dos filmes, o Robocop, um robô feito com o cérebro e rosto de um policial humano abatido em um confronto com bandidos.

De fato os robôs estão em todas as partes e se tornando muito parecidos com seres vivos. Há projetos que já propõem o uso mesclado de robótica com tecidos vivos e, em poucos anos, devemos ter máquinas cobertas por tecidos epiteliais andando por aí.

Cena do filme Eu, Robô

E aqui, mais uma vez, entra o cinema para nos lembrar de como o futuro tem sido imaginado pelos nossos profetas da sétima arte e pelos escritores que os inspiraram. I, Robot (Eu, Robô) é um filme futurista, baseado na obra de Isaac Asimov, mais precisamente, nas Três Leis da Robótica que o escritor criou. No filme, os robôs passam a ser confundidos com seres humanos – não vou falar mais para não estragar o petisco de quem ainda não assistiu ao filme.

Ainda sobre isto lembrei-me de um artigo escrito em meados da década passada por Ray Kurzweil, cientista e visionário, intitulado “Viva o suficiente para viver para sempre”, no qual ele diz que haverá, nos próximos anos, duas formas principais de as pessoas passarem a ser imortais:

1) As pessoas serem armazenadas em software: ou seja, sistemas irão aprender a simular as decisões e comportamentos de seres humanos com base em aprendizados sobre como um ser humano específico se comportou em determinadas situações, seus registros em redes sociais como o Facebook, emails respondidos, mensagens trocadas, tom de voz etc. No futuro, meu tataraneto poderia me perguntar virtualmente o que eu faria em uma situação qualquer e a máquina daria a ele uma resposta como se fosse a minha – provavelmente muito parecida, se não for manipulada. Quem sabe?

2) Outra forma – e esta é a que cabe neste artigo – seria a robotização de seres humanos e humanização das máquinas. Cada vez mais os seres humanos passarão a substituir órgãos falidos de seus corpos por peças mecânicas e os robôs tomarão cada vez mais a forma de seres vivos, com pele, cabelos, suor etc. Assim, será impossível em algumas décadas, segundo Kursweil, saber quem nasceu robô e quem nasceu humano.

Você enlouqueceu, Perin? E está se deixando influenciar pela leitura de coisas de gente louca? – você provavelmente pode me questionar assim. Por isso, selecionei alguns vídeos para ilustrar que o que estou dizendo não é piração. Já está se tornando realidade: