Por Dagoberto Hajjar*
Ao longo de 2013 fizemos 3 pesquisas de mercado para identificar a percepção dos empresários de TIC quanto ao momento do mercado Brasileiro. Elas foram feitas em Abril, Julho e Setembro, e mostraram diferenças significativas.
A expectativa dos empresários com relação ao crescimento do PIB foi de 2,5% em Abril, para 1,6% em Julho e 1,9% em Setembro. Em Abril 11% dos entrevistados responderam que o PIB cresceria mais de 10% no ano. Chegamos a pensar que era um erro no sistema ou no questionário e ligamos para reconfirmar os dados. Na pesquisa de Julho e Setembro as respostas estavam muito próximas da média e das expectativas dos analistas de mercado. Aparentemente as manifestações fizeram com que os empresários de TIC se educassem a respeito da economia e dos impactos em seus negócios.
A expectativa dos empresários para o crescimento do mercado de TIC foi de 10.3% em Abril, para 3.2% em Julho e 3.7% em Setembro. Contudo, a maioria dos entrevistados responderam que acham que sua empresa crescerá mais do que a média do mercado, mostrando uma grande dose de otimismo, ou esperança.
Em Julho perguntamos sobre os resultados de vendas no primeiro semestre. Acredito que muitas empresas ainda não tinham apurado os resultados e 39% disseram que tinham tido um semestre bom ou excelente, baseados na sua percepção. Em Setembro, depois de apurado os resultados, apenas 16% responderam que tinham tido um primeiro semestre bom ou excelente.
O segundo semestre será desafiador para 28% dos entrevistados que acham que terão resultados ruins ou péssimos. Contudo temos também 28% que acham que terão um segundo semestre bom ou excelente. Cada vez que temos uma crise vemos o dinheiro se movimentando e mudando de mãos – empresas mais bem preparadas roubam mercado das empresas despreparadas.
Perguntamos se os empresários achavam que vender produtos e serviços de tecnologia para empresas de porte médio e pequeno (SMB) seria uma alternativa para a crise e tivemos 72% falando que sim, uma vez que o mercado SMB é muito grande e carente de tecnologia. Contudo, 42% dos entrevistados, para enfrentar a crise, montaram uma estratégia para buscar clientes de porte maior. Confuso? Não. Dá para entender e explicar.
No começo de 2012 começamos a falar de crise, mas ninguém tomou qualquer ação. No final de 2012 as empresas começaram a ficar preocupadas e tomaram uma série de ações emergenciais e paliativas achando que a crise seria de curta duração. Em 2013 percebemos que a crise econômica seria de longa duração. Teremos mais uns 3 anos de crescimento fraco de PIB. Então, não dá para sobreviver apenas com ações paliativas. Para enfrentar a crise as empresas precisarão comprar tecnologia (TIC) para ganhar eficiência operacional, reduzir custos e aumentar as vendas.
E assim, vemos as empresas de maior porte fazendo previsões em seus orçamentos de 2014 para comprar tecnologia (TIC). As empresas do SMB ainda não sentiram a crise de maneira tão profunda quanto as empresas maiores. SMB sofrerá o impacto da crise em 2014 e provavelmente colocará TIC como prioridade no orçamento para 2015.
Quanto pior a crise melhor será para quem vende produtos e serviços de TIC, sendo que a crise impulsionará a venda nas grandes empresas em 2014 e nas empresas menores em 2015.
*Dagoberto Hajjar é CEO da Advance Consulting
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